A CONVERSA

Depois que me tornei mãe, sempre achei que demoraria uns bons anos até ter aquela conversa constrangedora com Pequenina sobre como os bebês são feitos e tudo o mais. Puro engano! Foi só aparecer com a novidade “mamãe está grávida” para perguntas e mais perguntas pipocarem na cabeça da pequena. E numa tentativa de amenizar a conversa, nada de falar sobre sementes de melancia, cegonha, pé de repolho e etc... Resolvemos apresentar fotos e vídeos, próprios para a idade, sobre a formação de um bebê. Mostramos que os papais têm algo tipo peixinhos, que são chamados de espermatozoides. E que as mamães, por sua vez, têm um ovinho. Quando o papai e a mamãe se amam muito, o peixinho sai nadando para se encontrar com o ovinho e, daí, eles se unem e vão se transformando num bebezinho. Através de fotos, mostramos até as fases dos embriões, o que rendeu boas gargalhadas. Segundo Pequenina, como é possível uma bolinha virar algo semelhante a um camaleão, depois a um extraterrestre para, por fim, virar um bebê fofinho e bochechudo? Até aí, acreditei que tínhamos nos saído muito bem na explicação “super científica” de como funciona a coisa toda. Mas acho que no meio do processo nos embaralhamos e algo não saiu como o esperado. No outro dia, ao levantarmos, veio Pequenina, toda carinhosa, perguntando: - Bom dia, Padrastinho! Tudo bem? Dormiu bem? E colocando a mão na barriga dele, continuou: - E o neném? Chutou muito aí dentro? :P

Isso é uma escola ou um negócio de luxo?!!

“Escola com mensalidade de R$ 8.000 já tem 2.000 pais interessados em SP”. Essa é a chamada para matéria de Educação publicada pela Folha de São Paulo de 17 de agosto e que mostra mais uma escola particular que será inaugurada no Brasil, em meio a eventos regados de champanhe, camarões e gente que acredita piamente que ali está a salvação para o futuro de seus rebentos. “Uma escola bilíngue para formar líderes globais” - é o que promete a nova instituição de ensino... (Tá aí a matéria para quem quiser saber mais: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2017/08/1910575-escola-com-mensalidade-de-r-8000-ja-tem-2000-pais-interessados-em-sp.shtml) Não sei se só eu (e espero de coração que não) mas essa notícia, assim como muitas outras semelhantes, me deixa de cabelos em pé. Onde já se viu educação virar negócio de luxo como vem acontecendo em todo mundo (sim, porque essa é uma realidade não só tupiniquim)? Que o ensino particular no Brasil já superou em número de escolas cadastradas o ensino público, isso sabemos. Sabemos, também, que a qualidade do ensino nas escolas municipais e estaduais muitas vezes fica aquém do esperado graças à falta de investimentos corretos pelas autoridades competentes. Infelizmente... E que escolas particulares têm custos maiores para manter a qualidade de seu ensino, daí os valores salgados de muitas mensalidades. E isso tudo só têm contribuído para um sistema educacional brasileiro cada vez mais segregado, onde alunos com maior poder aquisitivo conquistam vagas em melhores instituições de ensino superior e, consequentemente, melhores postos de trabalho. É uma bola de neve que só cresce (e a solução do problema ainda está longe de acontecer, pelo que parece). Aí, para piorar toda a feiúra desse nosso quadro educacional, surgem essas escolas com mensalidades super “pechinchas” de cinco, seis e até oito mil reais, voltadas para a nata da nata da nata da sociedade. Ou, do meu ponto de vista, para uma parcela da população completamente sem noção de tudo! Afinal, cambada, o rebento de vocês ‘banhado a ouro’ vai ter seus momentos “tirar meleca do nariz” tanto quanto a meninada do ensino público e do privado “normal” (o que não é o de “luxo). O ensino, seja ele infantil, médio ou superior, não deveria nunca ser apenas um negócio, muito menos de luxo! Nunca! É o que acho.